Videoconsultas – a complexa simplicidade da saúde à distância

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Começo por destacar algo que muitos não saberão: a Telemedicina, na sua forma mais inovadora, está instalada em Portugal desde o inicio do Século. Começou por ser uma técnica de suporte à medicina em várias áreas, destacando-se a área da radiologia, em que os exames (RX/TAC/RM), no momento em que são feitos, são colocados numa plataforma que está acessível aos médicos através de um login feito a partir de qualquer lugar, sendo relatados e disponibilizados no imediato, por ordem de prioridades. Em 2012, 30% dos hospitais portugueses praticavam atividades de telemedicina, “com destaque para a teleradiologia, teleconsulta e telecardiologia” (in INE.pt). Estas práticas foram um passo em frente nos tempos de espera dos serviços de urgência e na resolução de casos clínicos, pelo que continuam a existir com sucesso.

A videoconsulta é um conceito mais complexo. Não na sua forma, antes pelo contrário, mas na sua perceção. Enquanto uma videolaparoscopia, uma cirurgia robótica ou um relato médico feito à distância são facilmente percebidos como algo com elevado sentido prático e de evolução natural, a videoconsulta, apesar de ter sido implementada (em Portugal) muito depois das primeiras atividades médicas à distância que o nosso país conheceu, numa era muito mais disponível à inovação tecnológica, sofreu mais anticorpos do que as anteriores. Porquê?

Talvez porque a maioria da população não estava programada para este conceito, mas também porque o entendimento imediato é o de que numa consulta à distância não se faz o mesmo que numa consulta presencial, o que está correto. A questão principal, e que constantemente esclareço a quem me confronta com essa afirmação, é que não é isso que se pretende com a videoconsulta, até porque, logicamente, nem seria possível. A sua função é complementar as consultas presenciais na medida do possível, é poupar tempo aos utentes e diminuir a afluência desproporcionada aos serviços de saúde, dando resposta a casos possíveis de serem analisados à distância, mas não só. Situações em que apenas se pretende uma receita médica, uma declaração, um atestado, uma segunda opinião médica… as possibilidades são vastas e, com toda a certeza, as videoconsultas são uma forma de quebrar distâncias com um atendimento de qualidade e à medida da disponibilidade de cada utente.

As falsas urgências representam 40% das situações (in Diário de Notícias, 05/04/2022) que levam um utente a dirigir-se a um serviço de urgência. Muitos são os fatores que levam a este número, mas já pensou na quantidade de casos que seriam facilmente tratados à distância? Quantos de nós já fomos a uma urgência e voltámos para casa sem que fosse necessário o médico tocar-nos? Consegue imaginar a quantidade de população que está a mais de 30kms ou até 50kms de um hospital?

Hoje em dia, felizmente, é mais fácil para a generalidade das pessoas, inclusive profissionais de saúde, perceber as vantagens da telemedicina, da tele saúde e das videoconsultas. Mas, como já expliquei, nem sempre foi assim. Porém, é com muita satisfação que digo que, em 2021 79% dos portugueses conseguiam imaginar-se a serem tratadas por um médico através de teleconsulta e menos de 1 em cada 10 portugueses rejeitaria uma consulta online (pesquisa realizada pela STADA, in raiox.pt).

Ainda não há estatísticas muito relevantes em relação à adesão às videoconsultas em Portugal e o seu impacto no comportamento dos utentes, o que posso arriscar afirmar é que, com facilidade se ganham novos hábitos quando, por via de ações simples, percebemos as melhorias no nosso bem-estar e na nossa qualidade de vida. Por isso, novamente, arrisco-me a dizer, sem qualquer reserva, que a tele saúde veio para ficar e as possibilidades de consulta e de tratamentos à distância vão ser cada vez mais vastas, para o bem de todos nós.

Autor: Knower™ Care Center